Bufês infantis apostam em alternativas para vencer a concorrência
A ideia não é nova, mas vem se reinventanto a cada dia. O conceito de bufê infantil com espaços dedicados a festas para crianças surgiu aqui no Brasil na cidade de São Paulo na década de 80, e de lá para cá não para de crescer.
Atualmente, o segmento apresenta um crescimento anual de aproximadamente 30% no País, segundo dados do Sebrae. Na capital paulista, eles já são mais de 2 mil e este número não para de crescer.
Com a concorrência cada vez maior, os empresários do setor passaram a apostar em diferenciais para garantir a clientela.
Para Simone Fialho, porta-voz da Associação das Empresas de Buffet Infantil – Assebi, “Houve um boom muito grande e ficou tudo um pouco perdido”. Ela afirma que em bairros onde há dez anos havia um ou dois bufês pequenos, hoje chegam a existir 20. “Dos pequenos até os que cobram R$ 8 mil por uma festa bem básica”, afirma.
Segundo Simone, quem pretende montar um buffet de festas e se destacar no ramo deve estar atento às novidades. “A alternativa é investir em brinquedos diferentes porque os bufês ganharam a fama de serem todos iguais”, alerta.
Mas, além de investir em infraestrutura, ela acredita que o empreendedor deve dar prioridade ao serviço. “O atendimento que se oferece para o cliente é, hoje, o maior diferencial”, analisa.
Segundo dados da Assebi, um bufê gira em média R$ 100 mil por mês, mas o mercado saturado já causa problemas. “Antes, era 30% de margem de lucro para uma festa. Hoje, se você consegue 15% está bom demais”, exemplifica Simone.
Profissionalização do setor
Outra forma de se destacar é profissionalizando o negócio. Analisando o setor, o empresário Marcelo Golfieri desenvolveu a Universidade da Diversão, em São Caetano do Sul (SP). A escola é especializada na formação de profissionais da área. “Já tínhamos a rede de bufê Catavento, uma das pioneiras em São Paulo, e sentíamos uma carência no treinamento de pessoal. Em 2008, montamos a universidade”, conta.
Com a demanda do setor, que segundo dados da Universidade da Diversão, movimentou R$ 300 milhões em 2014, hoje a instituição oferece cursos e consultorias nas diversas áreas do negócio. “Atendemos desde quem precisa de um financiamento para montar o bufê, até quem está com problema de fluxo de caixa e gostaria de aprender a formatar o seu preço de venda”, explica Marcelo.
Além dos cursos na área de gastronomia e entretenimento, são oferecidos programas de imersão de sete dias. “No final, eles devem executar na prática toda a parte de back office de uma festa”, exemplifica.
Segundo dados da universidade, atualmente 85% dos bufês têm o seu foco em brinquedos e 15% apostam na categoria “conceito” – bufês que não têm eletrônicos e que buscam resgatar brincadeiras antigas. Esse tipo de bufê tem atraído pessoas das classes A, B e C+ que, segundo Marcelo, buscam fugir da “mesmice”.
Leilão de festas
O setor também tem sofrido problemas de concorrência com relação a preços e profissionalização. “Os ‘aventureiros’ do mercado estão incomodando demais, uma vez que bufês tradicionais acabam perdendo seu público. Mas o cliente sempre volta”, aponta Simone.
“Pela falta de estrutura, alguns bufês acabam diminuindo muito o valor da festa. Um verdadeiro leilão, até em sites de compra coletiva, o que eu acho absurdo”, expõe Marcelo. “Muitos abriram bufê sem conhecimento, preparo ou o profissionalismo necessário. Por isso, uma maneira de se diferenciar seria justamente a profissionalização”, completa.
A volta da festa em casa e oportunidades no interior
“Festa infantil virou tudo a mesma coisa. E começaram a me procurar para montar festas diferentes”, aponta Juliana Bajon, proprietária da Fête, empresa de São Paulo especializada em organização de festas personalizadas.
Ela destaca que existe uma tendência crescente de produção de festas em locais diferentes e também em residências. Festas que podem custar mais do que um casamento. “Em termos de preço, o céu é o limite. Fizemos uma festa com temática de circo em uma residência que saiu por R$ 60 mil”, exemplifica Juliana.
Para quem pretende investir no setor, Marcelo recomenda buscar outras cidades. “O interior é o caminho. Aqui São Caetano do Sul, os bufês estão brigando para fazer 25 festas por mês, o que para São Paulo é um patamar altíssimo. Fazemos consultoria para bufês do interior que fazem 45 festas por mês. Ainda não há esse cenário de concorrência”, defende.
A expectativa é de que o crescimento do setor na capital paulista caia para 17%, mas no interior a previsão é de aumento maior. “Falta bufê. Se fizer um investimento legal, você domina a cidade”, encoraja Marcelo.