Ter sócios ou ter parceiros?

É bem melhor ter parceiros do que sócios

É bem melhor ter parceiros do que sóciosSociedade? Sócio? Só! Antes só do que mal acompanhado é a máxima de boa parte dos empreendedores brasileiros. Ainda há muitos mitos, preconceitos e dúvidas sobre a opção de ter sócios porque existe uma percepção de que há mais experiências ruins do que boas. Mas o maior problema não é a sociedade em si, mas o modo como ela é feita e gerenciada.

Mesmo com uma legislação diferente, os empreendedores norte-americanos têm muito a nos ensinar, começando pela discussão sobre como o termo sócio é utilizado por lá. Se fizer uma rápida tradução de sócio para o inglês, aparecerá o termo partner. Mas, se traduzirmos partner para o português, o termo que surgirá é parceiro. E, no fundo, é isso que os sócios deveriam ser.

Como construir uma verdadeira parceria entre os sócios? Confira a seguir algumas reflexões sobre o tema.

Reúna o visionário e carregador de piano

No início de quase todas as grandes empresas, sempre houve dois papéis principais iniciais: alguém que identificava oportunidades e outro que as transformava em realidade. Steve Jobs, Walt Disney e Sam Walton foram visionários, mas quem carregava o piano no início da Apple, Disney Studios e Walmart eram Steve Wozniak, Roy Disney e Bud Walton, respectivamente.

“Eu, provavelmente, não sou o melhor negociador do mundo. Não tenho a habilidade de espremer o último dólar. Mas, felizmente, meu irmão Bud, que tem sido meu sócio desde o início, herdou a habilidade de negociar de nosso pai”, disse Sam Walton, explicando como a empresa mantinha os custos baixos.”

A soma de um sócio e seu parceiro deveria dar uma soma muito superior a dois, especialmente no início das atividades. Faça a conta para a sua empresa!

Seja o Bill e o William

Quem dá o show é o Bill, mas quem declara o imposto de renda é o William Henry Gates III. Empreendedor é o Bill. Está na empresa para executar uma ou mais funções no negócio. Sua remuneração deveria ser  compatível com a de um funcionário em situação semelhante.

Se a empresa der lucro, aí entra o lado William, no papel de acionista, que recebe o proporcional a sua participação na sociedade. Da mesma maneira, dois sócios com funções diferentes na empresa não deveriam receber o mesmo valor de remuneração.

Não pense em papai e mamãe

Todos sabem, mas nem por isso perdem a mania. Dentro da empresa não há papai, mamãe, titia. Todos são colaboradores, executivos e funcionários. Em outras palavras, todos contribuem executando funções para desenvolver o negócio.

A empresa pode ser da família, mas a família não entra no negócio. “O que é bom para você não é necessariamente bom para a empresa e vice-versa. Na Cisco, eu tomei todas as decisões pensando no que era bom para a empresa e isto contribuiu decisivamente para arruinar meu casamento e minha saúde”, diz Sandy Lerner, que junto com o então marido Leonard Bosack, fundaram uma empresa que atualmente fatura US$ 48 bilhões.

Alguns anos depois de ter fundado a Cisco, ela foi demitida mesmo sendo uma das principais acionistas. Pouco tempo depois, se separou do marido, que também se afastou do negócio.

Si vis pacem, para bellum

Não entendeu? Nunca houve e nunca haverá sociedade sem problemas entre os sócios. Daí, se quer a paz, prepare-se para a guerra! Como estar em paz com seus sócios? Ter respostas para as perguntas de Dharmesh Shah, co-fundador da Hub Spot, fará com que você economize em remédios para dores de cabeça.

Tenha estas respostas no início da sociedade e as documente em um acordo de cotistas (acionistas). Para convencer seus sócios sobre esta necessidade, solte mais uma frase em latim: Pacta sunt servanda. Em bom português: o que é combinado não é caro!

DR sempre

Si vis pacem, para bellum e Pacta sunt servanda não trarão bons resultados se os sócios não discutirem a relação constantemente. O debate é fundamental para que estejam alinhados com o desenvolvimento da empresa.

Nos Estados Unidos, é comum os empreendedores recorrerem a conselheiros e mentores externos, que trazem uma opinião de “de fora”, talvez mais imparcial, sobre quais deveriam ser as melhores considerações nas tomadas de decisões. DR ajuda a consolidar os pontos fortes e a melhorar os pontos fracos da empresa e a relação entre os sócios.

Agindo assim, você nunca terá sócios no seu negócio. Só parceiros!

Por Marcelo Nakagawa

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