Vantagens e desvantagens na contratação de parentes
Engana-se quem imagina que o processo de seleção de pessoas próximas é mais simples. “O lado bom de trabalhar com um parente é a relação de confiança construída a longo prazo. Se ela já existia antes do vínculo profissional, é claro.
Para dar certo, porém, aquele que contrata e o parente admitido têm de colocar o profissionalismo em primeiro lugar”, diz Wagner Teixeira, diretor-geral e sócio da Höft – Bernhoelf & Teixeira, consultoria especializada em transição de gerações.
Segundo Teixeira, cabe ao empreendedor determinar os rumos e definir os limites dessa relação, em que separar o aspecto profissional do pessoal é o requisito básico para trabalharem juntos de forma harmônica e produtiva. O parente que irá preencher a vaga deve, necessariamente, ter qualificações profissionais para ocupar o cargo e, em contrapartida, ser remunerado de acordo com os padrões do mercado.
“Em alguns casos, o empreendedor contrata um parente para ajudá-lo. Ele cria uma vaga para empregar essa pessoa e a remunera de forma desproporcional ao mercado – ou o salário é mais alto ou é mais baixo”, conta.
Outro ponto que deve ser conversado na hora da contratação é que mesmo com a existência do laço familiar, o profissional precisa ter consciência de que será um funcionário como qualquer outro. Ele terá de prestar contas de suas tarefas e o empreendedor, dar os retornos de como o trabalho está sendo desempenhado.
Para o executivo, sempre haverá alguma especulação entre outros funcionários sobre a relação do empreendedor e do empregado que também é parente. “Com cuidado ou sem cuidado, vai acontecer. Haverá colaboradores que dirão que o outro tem vantagens por ser da família. Por isso, é importante conversar com o profissional que está entrando e explicar como a empresa funciona – tendo o cuidado de manter a relação pessoal fora da profissional, para que as suspeitas dos outros funcionários não se confirmem”, explica.
Tento evitar assuntos pessoais no ambiente de trabalho
A proprietária da rede de franquias MegaMatte, Fátima Rocha, opera sua marca de franquias ao lado do marido e das duas filhas. Segundo ela, as relações familiares não interferem no desempenho de cada um na empresa. “Estou sempre atenta para não misturar os assuntos domésticos com os do trabalho”, afirma.
Segundo a empreendedora, as filhas passaram por um processo seletivo antes de entrar na empresa e foram contratadas graças à qualificação profissional. “Cheguei a tirar uma delas do antigo emprego. Mas fiz a proposta de trabalho por causa de sua competência profissional e da confiança que tenho nela”, diz Fátima.
Para o consultor Wagner Teixeira, trabalhar com a família é comum em franquias. “Nenhuma franquia começa grande tanto para o franqueador como para o franqueado. Por isso, contratar um parente pode ser uma boa opção para começar o negócio. Nessa situação, todos estão empenhados para que o empreendimento dê bons resultados”, garante.