As empresas familiares
A maioria das empresas da região Sul catarinense são familiares, nas quais um empreendedor inicia o negócio, que acaba crescendo e com o passar dos anos, ou mesmo na implantação da empresa, seus filhos começam a auxiliá-lo. E em decorrência da sua origem, podem surgir alguns problemas. Muitos conflitos não resolvidos no núcleo familiar podem vir à tona no ambiente laboral, travando o desenvolvimento da própria organização. Invejas, ciúmes, competições, problemas não elaborados na relação fraternal ou entre pais e filhos acabam emperrando o relacionamento interpessoal na organização, atingindo o seu funcionamento. Há empresas nas quais as relações família/trabalho são mais complexas, pois abrangem membros também da família extensa, além da família nuclear (pais e filhos).
O ser humano é um ser inevitavelmente emocional e afetivo, e realiza vínculos com as pessoas por meio dos laços afetivos, e dos papéis que exerce. Na vida, exerce diversos papéis, e na empresa familiar esses papéis acabam se entrelaçando e muitas vezes se confundindo. Na família, exerce o papel de filho, pai, genro, cunhado, avô, tio, enquanto no trabalho exerce a função de gestor, liderado, e as diversas funções da organização (aux. financeiro, coordenador recursos humanos, aux. markentig, coordenador importação/exportação, etc).
Nas organizações, sempre existem dois níveis: o visível e o invisível, o objetivo e o subjetivo, o racional e o emocional, que agem concomitantemente, um interferindo no outro, e gerando consequências para o funcionamento das pessoas, dos grupos, e delas mesmas. Olhar apenas para um nível é negar que as empresas são organismos vivos, compostas de processos em âmbito material e de pessoas que são também emocionais. Esse é o grande desafio de manter um negócio familiar.
Empresas familiares – Relações ocultas ou não declaradas
Muitas vezes as patologias do sistema familiar acabam sendo transferidas para o sistema organizacional. E assim, como os sintomas interferem no bom relacionamento interpessoal na família, também acabam interferindo na empresa, e envolvendo os outros colaboradores que não fazem parte do seio familiar.
Expor as emoções envolvidas, as situações encobertas, são de extrema importância para auxiliar no processo de desenvolvimento pessoal e organizacional. A todo momento o ser humano está abrindo e fechando ciclos tanto na vida pessoal quanto na profissional. E muitos deles acabam não sendo fechados; são interferências na comunicação, entre emissor e receptor, são atitudes que geraram mágoas no outro, são problemas que começaram a ser discutidos e não se resolveram. Os ciclos precisam ser fechados para um funcionamento saudável das pessoas e das empresas.
Por Morgana Minotto Zanette