Empreendedorismo já conta com maioria feminina
Uma pesquisa condizida pela ONG Endevor com empreendedores inovadores de ambos os sexos no Brasil, Suécia, Suíça, Estados Unidos, Uganda e Jordânia revelou que as mulheres são as que mais inovam no setor de serviços que, em nosso país, responde por 60% do PIB.
Os processos produtivos e a área de recursos humanos são apontados como difíceis de lidar por 57,7% dos homens, entretanto esse percentual cai para 34,6% quando em questão estão as profissionais do sexo feminino que desenvolvem atividades nessas mesmas áreas.
Dentro das empresas inovadoras que têm alto índice de crescimento, quando lideradas por mulheres, observou-se uma maior facilidade de atrair e reter talentos do que as lideradas por homens.
A sondagem em questão contou com a participação empresários de ambos os sexos, que foram selecionados por serem considerados exemplos a se seguir. A pesquisa foi a primeira realizada no mundo com o objetivo de analisar as diferenças entre os gêneros no universo empreendedor.
Dentre os empreendedores proprietários de companhias que tem alto crescimento e rendimento anual de US$ 10 mil a US$ 10 milhões, os homens optam na maioria das vezes por atuar em áreas mais tradicionais, como por exemplo nas indústrias, onde o foco está na criação de produtos. Em outra vertente estão as mulheres que preferem concentrar suas atividades no processo produtivo, geralmente relacionados com novas estratégias mercadológicas e em recursos humanos. Como conseqüência disso os homens são responsáveis pelos maiores índices de patentes nas empresas lideradas por eles, já as mulheres, sofrem tanto com o preconceito quanto com a falta de suporte quando necessitam de financiamento público ou privado. Em números, enquanto 38,5% deles receberam financiamento governamental, apenas 19,2% delas puderam contar com o mesmo benefício.
O curioso é que um estudo recente do Global Entrepreneurship Monitor mostrou que 51% dos empreendedores brasileiros são mulheres. No Brasil, um dos setores que mais cresce e mais gera empregos é o de serviços, e com mais mulheres inovadores atuando, a espectativa do potencial de crescimento se eleva ainda mais, como aponta o IBGE.
Dificuldades da mulheres empreendedoras
Apenas 26% das empreendedoras tem três ou mais sócios, já os empreendedores do sexo masculino que contam com essa mesma quantidade de sócios são o dobro desse percentual. Esse índice é um reflexo da diferença de visão do negócio entre os gêneros, pois enquanto os homens vêem na abertura da empresa um objetivo e buscam sócios para atingi-lo, as mulheres se tornam empreendedoras por acaso, ou por haverem recebido sugestões ou por sua expertise na área em que atuam.
No depoimento de algumas entrevistadas a discriminação do governo, dos bancos e dos financiadores foi citada bem mais que entre os homens. A idade e o sexo são uns dos principais fatores que contribuem para a postura discriminatória mantida pelos que poderiam dar créditos ou apoio financeiro.
Equidades
Contudo o estudo encontrou semelhanças e equilíbrio entre alguns pontos. Para ambos os sexos a família é mais importante que o trabalho, com 40% de freqüência, e o casamento foi o que tornou esse comportamento mais comum. Outro ponto em comum é a valorização do crescimento e expansão geográfica de seus empreendimentos, além da diversificação dos setores de atuação. O uso de fontes de informações variadas também é bastante valorizado por ambos os gêneros.
O estudo completo da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD) será divulgado em julho de 2011 contendo informações sobre os seis países participantes. A Endeavor contou com a participação de 52 empreendedores, 26 de cada sexo, proprietários de companhias de grande potencial de crescimento.
Fonte: Sophia Mind